Cresce número de contratações no interior do Rio: TI e setor de bebidas lideram vagas
RIO - Nem só de petróleo e gás vive o interior do Rio. Em período de crise, as regiões serrana e Centro-Sul tiveram aumento do número de contrações com destaque para os setores de fabricação de bebidas alcoólicas (87%), serviços de TI (54%) e manutenção e reparação de máquinas (84%).De acordo com a analista de estudos econômicos da Firjan, Julia Rangel Pestana, o estudo da federação mostra que todos estes setores tiveram acréscimo no número de empregados entre 2014 e 2018, auge da crise no estado.
No caso da GE Celma, unidade de aviação da GE no Brasil que tem unidades em Petrópolis, Três Rios e Rio, o acréscimo do número dos funcionários veio do aumento da demanda na revisão e reparo de turbinas aeronáuticas. A empresa tem 95% de sua produção voltada para o exterior.
Jaqueline Tibau, diretora de RH da GE Celma, afirma que, nos próximos três a cinco anos, a empresa deve gerar entre 300 e 500 vagas para todo o seu complexo, especialmente por conta da ampliação do banco de Provas de Três Rios. Somente no ano que vem, a empresa deve fazer cerca de 100 contratações. Atualmente, são três mil funcionários.
—Como somos uma empresa especializada no setor de aviação, é fundamental que todos os nossos novos profissionais passem por um processo de treinamento. Formar um profissional do segmento de aviação requer tempo, já que é um ciclo de aprendizado longo.
uliana Freitas, de 36 anos, engenheira de Qualidade, foi contratada na Celma este ano, depois de seis meses trabalhando apenas sob demanda.
— Gastava muito tempo no trânsito, trabalhando no Rio. Agora, tenho mais qualidade de vida — diz a moradora de Petrópolis.
Entre 2016 e 2017, fábrica da cerveja Bohemia em Petrópolis, da Ambev, fez seu maior número de contratações, quando houve aumento nos turnos da cervejaria e ampliação da planta, explica o geretente fabril José Antônio Pohren.
— A cidade é um importante polo cervejeiro, e a proximidade com outras cervejarias fomenta esse mercado. Com isso, há uma série de eventos que promovem o consumo e a cultura cervejeira —explica Pohren.
Setor de tecnologia
Outra potência é o setor de TI. Com sede em Teresópolis, mas nascida em Petrópolis, a Alterdata tem 1.731 colaboradores, 71% ligados às áreas de desenvolvimento de software, suporte técnico e comercial. Nos últimos seis meses, foram contratados 281, revela Michel Coelho, gerente de RH da empresa.— Já recebemos ofertas para ir para outra cidade, mas acreditamos no impacto e na responsabilidade que temos com o desenvolvimento da região e por isso, também desde o início, contribuímos para formar uma mão de obra que não existia por aqui— diz o CEO Ladmir Carvalho.
Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo fazem parte do Serratec, um programa que visa capacitar mão de obra no setor de tecnologia, atrair novas empresas e gerar negócios com apoio da Firjan, do sindicato das indústrias do setor e das prefeituras das três cidades e do Governo do Estado. Atualmente, este polo de tecnologia tem 170 empresas com três mil funcionários e uma movimentação de R$ 550 milhões/ano. A ideia é que até 2021 sejam criadas mais 10 empresas, com a criação de mais 360 postos de trabalho e faturamento de R$ 715 milhões, explica o presidente do Serratec, Marcelo Carius.
Carius afirma que um importante passo para se alcançar este objetivo é a capacitação profissional gratuita chamada “Residência em Software”, que hoje tem 70 alunos em Petrópolis e terá mais 70 em Nova Friburgo e 70 em Teresópolis no ano que vem. A empregabilidade é de 90%
— Há uma deficiência de mão de obra de programadores. Nosso objetivo é aumentar o número de empresas participantes para podermos capacitar mais pessoas.
Atualmente, sete empresas patrocinam o o projeto, afirma Thais Ferreira, gerente executiva do Serratec. O impacto de 60 programadores formados é a criação de novas equipes, que podem gerar mais de mil empregos em diferentes áreas.
Tiago Martins da Costa Ferreira, sócio da Neki, empresa de tecnologia e co-financiadora do Serratec, afirma que tem projetos “na agulha” e estão sendo programados para serem tocados pela turma da “residência”.
— Há um apagão de desenvolvedores no Brasil e muitos trabalhos não são desenvolvidos por conta disso —revela ele.